segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Dioceses do Piauí comemoram 25 anos da Pastoral da Criança no estado


Implantada há 25 anos no estado do Piauí, a Pastoral da Criança celebrou neste sábado, 29, o seu Jubileu de Prata no Regional Nordeste 4 da CNBB (Piauí), reunindo cerca de 600 coordenadores e líderes da região sul em Picos, com a presença das dioceses de Oeiras, Floriano, Bom Jesus e São Raimundo Nonato. A comemoração com a região norte aconteceu no domingo, dia 30.

Para comemorar esta data, Picos recebeu a visita da coordenando Pastoral da Criança Nacional, irmã Vera Lúcia Altoé, que desde 2007 está a frente da Pastoral. As atividades tiveram início com uma coletiva de imprensa, com a participação do bispo de Picos, dom Plínio José Luz da Silva, da Coordenadora Estadual, Jeane Nascimento, e Coordenadoras Diocesanas, que na oportunidade fizeram um levantamento sobre o número de crianças, gestantes e famílias acompanhadas pelos líderes.

No Piauí, a Pastoral está presente em todas as dioceses, atua em mais de 137 municípios, 1.203 comunidades fazendo o acompanhamento de 41.148 crianças e mais de 35 mil gestantes. Na diocese de Picos, a Pastoral está presente em 22 municípios, 203 comunidades, com o acompanhamento de 4.983 crianças, 457 gestantes somando um total 4.171 famílias, a partir do trabalho generoso de 778 líderes e apoios voluntários.

Durante a coletiva de imprensa a Ir. Vera Lúcia Altoé destacou que no Brasil a Pastoral da Criança acompanha aproximada 1 milhão e 600 mil crianças todos os meses, contando com 260 mil líderes, está presente em 3.985 municípios em todo país, e mais de 40 mil comunidades. A coordenadora acrescenta que a maior dificuldade ainda é encontrar pessoas voluntárias para atender às crianças carentes.

“A Pastoral da Criança está presente, além do Brasil, em mais 20 países e para nossa ação de graças, no mês de março vamos implantar a pastoral em Porto Príncipe, Haiti, onde Zilda Arns, fundadora da Pastoral, faleceu. Em nossos encontros nós sempre fazemos menção a ela, e digo sempre para os nossos líderes quando estão com dificuldades, invoquem também a doutora Zilda, eu tenho certeza que daqui a uns tempos ela será também a beata Zilda Arns da Pastoral da Criança”, disse.

A Coordenadora Nacional afirmou que se tratando de mortalidade infantil e desnutrição o Brasil está em um nível equilibrado, no entanto, as mortes que ainda acontecem mediante a ausência de políticas públicas acessíveis às classes menos favorecidas da sociedade. “Outro denominador que temos observado é a questão da obesidade entre as nossas crianças, que passam muito tempo diante de uma televisão sem fazer nenhum exercício”, acrescenta.

Após a coletiva todos participaram da missa presidida por dom Plínio José, e concelebrada pelo padre Cláudio Moreno, administrador diocesano de São Raimundo, entre vários outros padres de outras dioceses. Durante a homilia, dom Plínio lembrou que o Piauí está celebrando a vida de seu povo e de suas crianças, pois a “Pastoral da Criança tem mudado a realidade do estado”.

Após missa, os participantes assistiram a diversas apresentações artísticas, um grupo de crianças do Instituto Monsenhor Hipólito homenageou Zilda Arns, o Balé da Casa de Cultura homenageou o povo piauiense, a dupla de palhaços Farelinho e Misturinha, juntamente com o Teatro dos Agentes comunitários fizeram uma apresentação sobre a importância do líder, a diocese de Oeiras apresentou uma paródia, encerrando com a dança Leseira, apresentada por líderes de uma comunidade quilombola da Paróquia de Santa Cruz.

Fonte:CNBB

sábado, 22 de outubro de 2011

Vida moral na sociedade.


A quantidade e complexidade de leis que regem a sociedade brasileira podem ser indicativas do desejo e procura da moralidade.
Um valor que precisa e deve ser edificado no recôndito da consciência moral de cada pessoa.

A sociedade se sustenta também da vida moral de seus cidadãos. E as raízes dessa vida estão na subjetividade de cada pessoa. Esse núcleo recôndito da personalidade de cada um tem força determinante nos rumos da sociedade. Vale a lembrança, segundo narra o evangelista Mateus no capítulo 23, daquela advertência que Jesus Mestre faz aos seus discípulos referindo-se aos escribas e fariseus.

Jesus disse: “Os escribas e fariseus sentaram-se no lugar de Moisés para ensinar. Portanto, tudo o que eles vos disserem fazei e observai, mas não imiteis suas ações. Pois eles falam e não praticam. Amarram fardos pesados e insuportáveis e os põem nos ombros dos outros, mas eles mesmos não querem movê-los, nem sequer com um dedo.”

Falar não basta. Legislar não é suficiente. É indispensável cultivar uma ilibada vida moral, não só em função de méritos pessoais, mas como contribuição decisiva e determinante nos rumos da sociedade. No mistério e na dignidade de toda pessoa humana está uma fonte indispensável para se alcançar equilíbrio na sociedade e na configuração de sua cultura, marcada pelo sentido de respeito à vida e a convicção sobre o que a cidadania exige de cada um.

A cidadania não é uma opção como a que se faz por um time esportivo, que se pode renunciar, trocar, nutrir revoltas ou localizar-se na indiferença. A cidadania depende visceralmente da condição moral de cada sujeito. Seu comprometimento é pela vida na sociedade. Ora, a pessoa não pode ser entendida de maneira redutiva, unicamente como uma individualidade, edificada por si mesma ou sobre si mesma.

Também não pode ser entendida apenas como um papel funcional dentro de um sistema. Cada pessoa está integrada numa teia de relações. Estas relações não são uma simples e maquinal inserção no conjunto material, embora sejam luar de sua realização e da sua liberdade. Há, pois, uma característica de toda pessoa que é sua abertura à transcendência. Trata-se de uma abertura ao infinito e a todos os seres criados. É uma abertura a Deus e aos outros.

Associado a este entendimento está a dimensão única de cada pessoa. Esta singularidade remete ao seu núcleo constitutivo central, sua subjetividade, como centro de consciência e de liberdade. Esta singularidade pressupõe de todas as instituições um irrestrito respeito. E também um compromisso de ordem moral com a nucleação de princípios e valores que definem sua vida moral.

Cada pessoa pode configurar sua cidadania, nos balizamentos próprios de sua cultura e de seu contexto social e político, contribuindo com uma vida moral sustentadora da indispensável sociabilidade humana. Ao se compreender a pessoa como um ser social está se referindo à sua subjetividade relacional. Isso significa dizer que a consciência é iluminada pela compreensão que abarca a vivência de um ser livre e responsável, capaz de reconhecer e praticar a necessidade de integrar-se e colaborar com os próprios semelhantes. Isto é, tem uma vida moral que o capacita para a comunhão com os outros na ordem do conhecimento e do amor.

O Catecismo da Igreja Católica define esta sociedade como “um conjunto de pessoas ligadas de maneira orgânica por um princípio de unidade que ultrapassa cada uma delas. Assembléia ao mesmo tempo visível e espiritual, uma sociedade que perdura no tempo; ela recolhe o passado e prepara o futuro.”

A vida comunitária se torna, então, uma característica própria na formação da sociedade. O agir social não é uma arbitrariedade ou a simples satisfação impulsiva dos próprios desejos, gerando manipulações ou cegando para o sentido de respeito e apreço pela dignidade do outro. Chamada à vida social, a pessoa humana constitui a sua cidadania nos alicerces da sua vida moral. Comprometida, a vida moral conseqüentemente compromete a cidadania. São inevitáveis os prejuízos danosos para a sociedade. Sem investimento e cultivo da vida moral, a sociedade claudica.

É verdade que a sociabilidade humana indispensável para a construção de uma sociedade justa e solidária não desemboca, por si só, na comunhão das pessoas. Isto quando a vida moral está envenenada pela soberba, egoísmo, pelos fechamentos individualistas e a nefasta opressão do outro. A vida moral de cada cidadão dá à sociedade um rumo adequado, com mais justiça e solidariedade.

Colaboração, Dom Walmor Oliveira de Azevedo (Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte – MG)

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

A mãe das crianças do Brasil


No dia 12 de outubro celebramos a festa de Nossa Senhora Aparecida, a mãe do povo brasileiro. E como todas as mães, Nossa Senhora tem carinho especial para com seus filhos menores e mais frágeis, que são as crianças. É por isso que a coincidência de datas (dia de Nossa Senhora Aparecida e dia das Crianças) nos leva a dizer que Nossa Senhora Aparecida é a mãe das crianças do Brasil.

Costuma-se dizer que um país que não cuida das suas crianças e dos seus adolescentes está fadado a ter um futuro nada promissor. O mesmo podemos dizer das comunidades cristãs que não zelam pelas suas crianças e pelos seus adolescentes. Elas estão fadadas a desaparecer num futuro não muito distante.

Cuidar das crianças e dos adolescentes como comunidade cristã, pode significar a necessidade de criar ambiente próprio para as crianças nas celebrações. Pode significar a organização da Pastoral da Criança e da Pastoral do Menor. Pode significar a dinamização da Pastoral dos Coroinhas, a qualificação da catequese e a dinamização das celebrações. Cuidar das crianças pode implicar no desenvolvimento de ações com as mães gestantes e com os jovens que se preparam para o casamento.

O exemplo de mãe para os cristãos é Maria, a mãe de Jesus. Entre os inúmeros títulos com os quais ela é invocada, o povo brasileiro a venera como Nossa Senhora Aparecida. A origem da devoção vem do ano de 1717, quando dois pescadores tiraram a imagem enegrecida das águas do rio Paraíba.

No encerramento do Congresso Mariano de 1929, de posse da imagem tirada do rio, Nossa Senhora foi proclamada Rainha do Brasil, com o título de Nossa Senhora da Conceição Aparecida. Em 1931, na presença do presidente Getúlio Vargas, ela foi aclamada como “Rainha e Padroeira do Brasil”. Em 1980, pela Lei nº 6.802, foi decretado feriado nacional no dia 12 de outubro. No mesmo ato, Nossa Senhora Aparecida foi reconhecida oficialmente como padroeira dos católicos do Brasil.

Que a Mãe Aparecida olhe com carinho para o povo brasileiro. Que ela inspire os governantes a promoverem a paz e a justiça social. Ajude os pais a educarem seus filhos nos valores do Evangelho. Ilumine a Igreja a promover ações de solidariedade e a se transformar em “casa e lugar de comunhão”. E que acima de tudo, a Mãe de Aparecida ampare as crianças do Brasil, para que elas possam “crescer em tamanho, sabedoria e graça diante de Deus e dos homens”, a exemplo do seu Filho Jesus de Nazaré.

Colaboração, Dom Canísio Klaus (Bispo Diocesano de Santa Cruz do Sul).